Construindo Novas Possibilidades

ECOHABITARE I POSTS 2

O ano de 2020 foi marcado pela pandemia do novo Coronavírus, o mundo inteiro passou a se adaptar a um “novo normal” em que contatos físicos e aglomerações foram evitadas para a segurança de todos. Um dos setores mais afetados por essa situação foi a educação. A Covid-19 continua colocando em pausa a educação de mais de 137 milhões de crianças e adolescentes na América Latina e no Caribe.

Segundo relatório da UNICEF, desde o início da pandemia, as crianças e os adolescentes da América Latina e do Caribe já perderam em média quatro vezes mais dias letivos em comparação ao resto do mundo. Em uma região com mais de 11 milhões de casos de Covid-19 até o momento, milhões de estudantes correm o risco de perder um ano letivo inteiro. Atualmente o Brasil possui mais de 6 milhões de casos confirmados, trazendo uma preocupação para famílias e educadores.

A situação atual veio como uma afirmação de que os ideais que a arquiteta e urbanista, Cláudia Passos carregava desde antes, eram reais. Cláudia acredita em uma reformulação atual da educação e, por isso criou a EcoHabitare. Uma empresa que atua assessorando instituições e comunidades para desenvolver ecossistemas de inovação educacional. 

“Decidimos apoiar a reformulação da nova educação a partir da necessidade e de uma percepção muito objetiva de que esse modelo educacional que temos não serve mais para o mundo que a gente vive”, aponta a arquiteta.

Além disso, ela acredita que os alunos devem ser sujeitos do seu próprio processo de aprendizagem: “existe sempre alguém que fala pra gente o que precisamos aprender e não é mais por aí, esse conceito de professar algo não cabe mais num mundo onde os problemas são muito complexos”, ela ainda reitera ser necessário uma capacidade independente de organização e articulação.

A partir desses princípios, o professor José Pacheco resolveu se juntar a essa caminhada da EcoHabitare e proporcionar mais princípios novos da educação. Segundo Pacheco, as escolas não são prédios, mas, sim, pessoas e, portanto a educação deve focar no sujeito de aprendizagem.

O professor aponta a importância da reestruturação educacional: “essa construção social que estamos, da aula, da turma etc. é toda do século XIX, da primeira Revolução Industrial e já não serve mais” e ainda ressalta como a educação não pensa no aluno: “nós passamos anos sentados em uma cadeira ouvindo respostas de perguntas que nunca fizemos”.

O professor conseguiu concretizar a transformação educacional em Portugal e foi um dos coordenadores da Escola da Ponte. Apesar de fazer parte da rede pública portuguesa, a escola de ensino básico, localizada a 30 quilômetros da cidade do Porto, em nada se parece com as demais. Ela não segue um sistema tradicional de ensino e seus professores não são responsáveis por uma disciplina ou por uma turma específica. As crianças e os adolescentes que lá estudam definem quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, tanto em grupo, quanto individualmente.

Pacheco sentiu a necessidade de vir ao Brasil auxiliar na construção de projetos parecidos após perceber um grande interesse por parte dos educadores, ele comenta: “eu viajava o mundo dando palestras e sempre que vinha ao Brasil sentia uma necessidade de ficar mais tempo por aqui, muitos educadores pediam ajuda para formular projetos. Já auxiliei na construção de mais de 200 projetos!”.

O professor André Luis Corrêa é um desses educadores insatisfeitos com o modelo atual e decidiu participar dos projetos da EcoHabitare: “eu lembro de uma passagem da Madre Teresa de Calcutá em que ela tenta conseguir comida para as crianças acolhidas por ela e o comerciante fala ‘não são as minhas crianças’, então a Madre diz ‘as crianças são de todos nós’. A partir daí eu percebi que não adianta eu me esforçar pra colocar os meus filhos numa boa escola se outras crianças não vão ter uma boa educação como eles”, comenta. 

Corrêa viralizou na internet com um texto em que conta o processo de aprendizagem de seu filho a partir da curiosidade de saber como os poderes de um super-herói dos filmes funciona, “a aprendizagem tem que partir do interesse, se for aprender algo que não tem vontade aquilo será decorado e depois esquecido”. O professor atuou como potencial formador e, depois, como tutor nos processos formativos desenhados por essa iniciativa de transformação educacional.

Em tempos de pandemia, a EcoHabitare tem promovido formações para educadores, pais e interessados que entendem a necessidade de construir novos olhares e reconfigurar a prática educativa. Mesmo com os desafios impostos pelo coronavírus, em 2020 mais de 400 educadores do Brasil, Portugal, Austrália, Inglaterra e Espanha se uniram em uma grande rede virtual para, juntos, desaprender e reaprender. E para 2021, os projetos da EcoHabitare seguirão transformando vidas e potencializando uma nova educação.

Por: Luana Perdoncini

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