Ela já dizia que é necessário se espantar, se indignar e se contagiar para mudar a realidade…

Se hoje praticamente não temos mais casas manicomiais no país, devemos ao lindo trabalho desenvolvido por Nise ao longo dos anos.

Ela sempre foi uma grande defensora dos direitos humanos e se colocou na frente de pessoas com transtornos psicológicos que sempre viveram numa situação de abuso e insalubridade, fazendo todo o possível para lhes garantir dignidade.

Nise foi uma das primeiras mulheres brasileiras a se formar em medicina e, na sua turma, foi a única mulher entre 157 homens. Depois de formada, se especializou em psiquiatria e não conformada com as práticas psiquiátricas agressivas que eram aplicadas aos pacientes no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, se posicionou contra eletrochoques, lobotomias e várias outras violências.

Como punição, foi deslocada para a área de terapia ocupacional (que na época era algo desprezado pelos colegas de profissão), onde, aos poucos, ganhou reconhecimento nacional pela reabilitação de pacientes que passaram por abusos em manicômios, usando dois recursos fundamentais à psique humana: arte e criatividade.

Em um ateliê de pintura e modelagem, ela começou a curar pacientes, mostrando-lhes que era possível criar um vínculo com a realidade a partir da arte.

Educadora de alma, Nise acreditava que era possível fazer diferente e assim o fez.

E hoje, celebramos os 118 anos de história dessa grande mulher e inspiração para a educação do país.