Violência nas escolas

Cinthia Barbosa, professora que conseguiu conter o surto de violência do aluno de 13 anos que gerou a morte de uma professora e feriu outras quatro pessoas, manifestou vivenciar uma confusão de sentimentos.

Assim como ela, ainda estou sob os efeitos de uma ebulição de sentimentos por conta dessa tragédia. Ao mesmo tempo, me sinto mobilizada em, não só buscar explicações para o crescimento da violência no ambiente escolar, mas também, continuar trabalhando por uma educação que promova o desenvolvimento da nossa humanidade.

A violência por si só é um assunto complexo e multidimensional que tem várias causas. Ela não decorre da casualidade e, no nosso caso, faz parte da constituição histórica do país. E, nos últimos quatro anos, teve um campo fértil para se expressar de múltiplas formas.

O estigma da desigualdade, discriminação, racismo, machismo e outras mazelas, infelizmente, faz parte da nossa da sociedade. A tudo isso, somamos o trauma que ainda estamos vivendo de uma pandemia e que não pode ser desconsiderado.

Se isso demanda atenção e ação, mais ainda quando o palco da violência é o ambiente escolar…local que deveria ser o centro de formação humana e organizador da sociedade.

Existe um grito por uma outra educação, que dê espaço para o acolhimento, escuta, diálogo, natureza e que é frequentemente calado por um sistema educacional obsoleto e perverso que vampiriza vidas por meio de processos autoritários e “burrocráticos”.

Neste sistema, professores, alunos e famílias se sentem sobrecarregados pelo trabalho escolar e por expectativas irreais, levando-os a desesperança e impotência. Este permanente estresse afeta diretamente a saúde física, mental e espiritual de todos nós.

Esse adoecimento sistêmico da sociedade está na escola e precisa ser tratado, não com um band-aid, mas com uma mudança estrutural.

Chega de prova e de apêndices curriculares para tratar de forma cartesiana, problemas complexos. Já passou da hora de criarmos tempo e espaço, dentro e fora da escola, para ouvir nossos sentimentos, dores, sonhos e desejos.

Precisamos acolher, no processo de aprendizagem, as subjetividades dos sujeitos, para evitar o aparecimento de patologias psicológicas, a expansão da violência e a banalização da vida.

Não podemos mais normalizar tudo isso, achando que a reversão deste cenário de terror e dor não compete a cada um de nós como integrantes de uma comunidade humana.

É urgente agir na direção de soluções efetivas.

Espero que a morte da professora Elizabeth Tenereiro seja honrada por todos nós educadores, dando um basta a tudo que não faz sentido no sistema educacional, para dar lugar a uma educação onde a humanidade floresça.

Que o caminho seja o amor e a cooperação entre escola, família e comunidade.

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