Uma vez me pediram pra fazer uma redação
E antes de pedirem já tinha caneta e papel na mão
Mas colocaram prazos, limites e datas de entrega
E nesse momento eu pensei “isso não é muita regra?”
Mas aceitei, sentei e deixei a imaginação acontecer
Enquanto eles repetiam : continue a escrever
No dia seguinte pediram um desenho ou pintura
E eu já levava comigo meus pincéis a essa altura
Mas eles definiram cores, tamanhos, texturas
Pesei comigo mesma “isso só pode ser tortura”
Mas apenas me sentei e deixei o momento começar
Enquanto eles repetiam : continue a desenhar.
E na semana seguinte me pediram pra cantar
Sorri e peguei meu violão pronta pra tocar
Mas eles definiram notas, altura, duração
Pensei então “música não deveria vir do coração?”
Mas me sentei e toquei o que estavam mandando
Enquanto eles repetiam : continue cantando
No próximo mês me pediram uma poesia
E eu já comecei a pensar em todas as rimas
Mas botaram regras, estilos, linhas
E eu pensei “mas não era pra ser minha?”
Mas aceitei e escrevi tudo que me ocorria
Enquanto eles repetiam : a escola mata artistas.
Ana Clara, 16 anos.