As aulas ficarão no passado!

Quando penso no século XXI e no que poderemos trazer de inovador, me lembro de um vídeo que assisti há 5 anos atrás.
Um grupo de pessoas que não se conheciam decidiram se reunir em uma cidade italiana e tocaram JUNTAS uma
música.
Para quê? Por que tirar seu instrumento musical da sua casa e levá-lo para um parque no meio da Itália? Eles queriam que a banda Foo Fighters fizesse um show naquela cidade. Só isso. Conseguiram. No final daquele ano eles receberam a banda para um show.
O século XXI será repleto de transformações sociais, mas acredito que coisas boas vem aí. Enquanto alguns enxergam a tecnologia com pessimismo, esta mesma tecnologia está permitindo comunicação em tempos de pandemia. Imagine quantas reuniões poderão ser virtuais a partir de agora… Quantos litros de combustível fóssil serão economizados com reuniões virtuais? Quantos kilogramas de papel serão economizados com processos virtuais, que antes eram feitos à mão com lápis e caneta?
No âmbito escolar, já ouço notícias de que as escolas reabrirão em agosto, trabalhando com metade dos alunos na sala de aula e metade em casa, revezando dia após dia. Imagine só como ficarão os professores, que antes davam aula… Um professor com 4 turmas de 9º ano, por exemplo, tinha que repetir a mesma aula 4 vezes para passar o mesmo conteúdo para todos os seus alunos do 9º ano. Agora esse professor vai repetir 8 vezes essa aula. A cada dois dias ele vai viver uma repetição de conteúdo.
Pode até parecer normal, mas educação não é um processo mecânico. O professor não é uma máquina. A primeira aula que o professor der na turma 901 não será igual à que ele der na turma 904 no fim do segundo dia. Ao longo desses dois dias ele perceberá que algumas informações não funcionaram tão bem em uma turma quanto na outra. Perceberá que determinado assunto gerou um debate bacana em uma turma e na outra não causou nada. Depois que sair de uma aula, lembrará que não falou determinada coisa que falou em outra turma. Em uma turma gastará mais tempo pedindo silêncio do que na outra, o que reduzirá o tempo de aula e o obrigará a correr com o conteúdo, coisa que não terá ocorrido em outra turma. As variáveis são tantas… No fim fica a dúvida:
Será que um aluno de uma turma aprende com a mesma aula que o de outra turma?
Será que todos os alunos de todas as turmas recebem as mesmas quantidades de informação?
Será que os professores conseguem repetir exatamente as mesmas aulas em todas as suas turmas?
Será que, de um ano para outro, o professor consegue repetir a mesma aula que deu, com as mesmas informações?
Será que um professor em Goiás fornece exatamente as mesmas informações para seus alunos que uma professora no Rio Grande do Sul ou na Bahia?
Eu sou professor e posso responder. NÃO.
Por isso, quando penso em século XXI, vejo com grande alegria que AULAS ficarão no passado. Bastará uma pequena faísca de dúvida para desmoronar esse modelo de educação. As aulas passivas, fechadas, com professores ensinando o que sabem e alunos aprendendo todos juntos o mesmo conteúdo vindo de uma fonte única de conhecimento simplesmente não tem relação alguma com o século XXI. As mães e pais vão perceber isso. Os alunos vão perceber isso. E quando isso ficar escancarado, os professores serão chamados de inúteis.
Não somos inúteis. O processo de desenvolvimento cognitivo é complexo e exige capacidade de um bom educador para compreender a individualidade do ser humano. No século XXI não será o professor o centro do processo de aprendizado. Tampouco serão os alunos. Neste século a RELAÇÃO HUMANA através da COMUNICAÇÃO será o centro do processo. A troca, o compartilhamento, a autonomia no buscar, o desejo de aprender, a criatividade, a cooperação tudo isso e muito mais estará presente na educação.
Nós humanos inventamos a escola do jeito que é. Chegou a hora de imaginá-la de um jeito melhor para os alunos e para os professores do mundo que está sendo reelaborado.
Por: André Luis Corrêa

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